sexta-feira, 23 de abril de 2010

De volta a Intentio Auctoris

Kenner e Esdras reagiram à reação que fiz a um comentário sobre aquele post. Agora respondo aos seus comentário:
(1) Esdras, você tem razão quanto a Foucault. A Ordem do Discurso não é um manual de hermenêutica, mas uma explicação de como o discurso pode ser controlado, delimitado, falseado e anulado. Em seu comentário você pergunta se "isto não nos coloca num relativismo interpretativo"? O relativismo na interpretação de textos não depende desta ou daquela metodologia dentre as que estamos discutindo. Depende, sim, da visão filosófica mais ampla de quem lê. É possível ser "historicista" e relativista (embora não seja comum!). No caso das exegeses semióticas e literárias, por exemplo, o relativismo é exorcizado de pelo menos duas maneiras: (a) o texto não pode significar qualquer coisa! sua materialidade lingüística deve direcionar o processo de leitura, embora não garanta uma única e definita interpretação; (b) recusando-se a aceitar o conceito da verdade como "correspondência com a coisa", mas pensando na verdade como coerência inter-subjetiva, não há mais necessidade nem lugar para relativismo.

(2) Kenner, para que novas formas de leitura se tornem hegemônicas é necessário que mais escolas as pratiquem e que, fora das escolas se for o caso, mais gente as utilize. É necessário que se publiquem livros, artigos, se editem revistas especializadas nessas novas formas, se organizem grupos de estudiosos, associações de biblistas "inovadores", etc. É um longo e imprevisível processo. Mas já começou!

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