terça-feira, 26 de abril de 2011

Descendência – a bênção final. Rute 4

Até este momento percorremos a saga de Noemi e Rute através da perda de bens e familiares em terra estranha, e o retorno para Belém em total desamparo. A partir daquele momento, principalmente pela estratégia de Noemi e a bondade de Boaz o destino das mulheres começou a ser alterado. Elas conseguiram sustento e a promessa de resgate da parte de Boaz.

O capítulo 4 coloca em prática aquilo que Noemi havia dito de Boaz (3.18). Segundo ela, ele não descansaria até resolver o problema do resgate. O narrador não nos dá a conhecer de onde vem a convicção da anciã a respeito do parente. Mas ela está certa, nesse mesmo dia ele procura resolver a questão do resgate (4.1).

Boaz já havia informado Rute que havia um resgatador mais próximo de Noemi, ao qual caberia o direito do resgate (3.12). Sob ele estaria a responsabilidade de resgatar a terra da parente e de gerar descendência a Rute (Dt 25.5-10). Por isso, Boaz se dirige para a porta da cidade, local onde os relacionamentos sociais dos mais diversos níveis se davam (4.1), chama testemunhas e o resgatador, apresentando-lhes a situação. Este aceita resgatar a terra de Noemi (4.4), possivelmente vendida antes da ida para Moabe, e que agora ela pretendia reaver, mas sem ter condições para tanto. Entretanto, quando é notificado a respeito da responsabilidade de gerar um filho para Rute, ele rejeita sua responsabilidade, alegando que tal atitude prejudicaria sua herança (4.5-6). Possivelmente o que estava em jogo era a legislação mosaica que previa a possibilidade de um parente receber a herança de outro sem descendentes imediatos (Nm 27.1-11). Portanto, receber Rute significava ter sobre si a sombra de ter que dividir suas posses com outra pessoa, o que obviamente geraria problemas familiares.

Para formalizar sua recusa, o resgatador executa um ritual antigo e desconhecido dos leitores/ouvintes, visto que o narrador sente necessidade de explicá-lo (4.7-8). Boaz, então, vê-se liberado para assumir Noemi e Rute. Ele readquire os bens de Noemi e casa-se com Rute para suscitar descendência a Malom (4.9-10).

As testemunhas e o povo, que havia se ajuntado à porta, proclamam uma bênção para a nova família, desejando-lhes felicidade e prosperidade. A introdução desse grupo de expectadores desempenha a função de confirmar e de realçar publicamente o que havia ocorrido. Dessa forma, a imagem inicial de sofrimento que as duas mulheres deram a conhecer aos moradores de Belém (1.19) é substituída, ao final, pela imagem de bênção.

Situação familiar resolvida, descendência prometida, o clímax da história se efetivará no bloco final (4.13-22). Tais versículos serão comentados no próximo post.

Um comentário:

  1. A história de Rute é maravilhosa,quado lemos está passajem, da bíblia entendemos como Jesus resgata homem que se arrepende de seus pecados. Por isso só ele é digno de toda honra e toda gloria.

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