sexta-feira, 11 de março de 2011

O princípio da mudança – Rute 2

O final do capítulo 1 é profundamente negativo. Noemi, a partir da avaliação de sua experiência com Iahweh, muda de nome, passando a chamar-se Mara (=Amarga), por julgar que esse nome convinha melhor ao que tinha no passado.

O último versículo do capítulo traz uma espécie de nota de rodapé: “[...] e chegaram a Belém no princípio da sega (=colheita) da cevada” (1.22). O final do capítulo 2 conclui retomando essa temática: “[...] até que a sega da cevada e do trigo se acabou” (2.23).

Portanto, todo o capítulo 2 é ambientado na colheita da cevada nos campos próximos de Belém. E aqui convém uma observação. Se o alimento foi o principal problema enfrentado no capítulo inicial, essa dificuldade é resolvida neste bloco.

Chama a atenção o fato de que a cidade fica deslocada no plano narrativo. Belém é citada em 1.1 como o lugar de onde Noemi , esposo e filhos saem para habitar em Moabe. A cidade é mencionada novamente como o local para onde se dirigem Noemi e Rute. Mas enquanto Noemi permanece nela, o enredo se desenvolve nos campos no capítulo 2, assim como se desenrolou no caminho entre Moabe e Belém no capítulo 1. Este tipo de cenário permanecerá central no próximo capítulo.

Central no capítulo 2 é o diálogo entre Boaz e Rute, assim como o foi o diálogo entre Noemi e Rute no capítulo anterior. Como observa as notas da Bíblia do Peregrino (p. 477), o capítulo apresenta uma estrutura concêntrica, cujo centro é o diálogo entre Boaz e Rute:

a. Noemi e Rute (2.1-3);
b. Boaz e os ceifadores (2.4-7);
c. Boaz e Rute (2.8-14);
b’. Boaz e os ceifadores (2.15-17);
a’. Noemi e Rute (2.18-23).

Entretanto, talvez se deva dizer que o diálogo entre as duas mulheres ao final deve receber ênfase também.

Paro por aqui. Na próxima mensagem analisarei a ação do narrador e os discursos dos personagens.